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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

21/09/2010

''Brasileiro entende da arte de ser feliz''

Quem diz é a italiana Chiara Civello, que canta hoje com Ana Carolina

Flavia Guerra - O Estado de S.Paulo

É consenso que brasileiros e seus hermanos latino-americanos conhecem muito menos de suas respectivas culturas populares do que sabem sobre o pop norte-americano da Lady Gaga. Poucos brasileiros sabem que o filho de cubanos Pitbull saiu de Miami para abalar as rádios da América, que o porto-riquenho Calle 13 é outro fenômeno do pop latino. Foi pensando em aproximar os vizinhos latinos que nasceu o TelefônicaSonidos. O festival traz ao Jockey Club esses e outros expoentes da música latina para dividirem o palco com vários dos principais nomes da música brasileira. A combinação é interessante. Pedro Aznar canta com Maria Gadú, Maria Rita com Milanés, o cubano Alfredo Rodriguez divide a cena com Yamandu Costa e Monobloco com o Calle 13, entre outros.
Quem abre hoje esta sequência de encontros notáveis é Ana Carolina. Para acompanhá-la, Chiara Civello, que vem arrebanhando fãs brasileiros no duo Resta, em que divide os vocais com a brasileira. A voz límpida e firme de Chiara vem chamando atenção mesmo dos que não costumam acompanhar a carreira de Ana Carolina.
Detalhe: Chiara não é latino-americana. É italiana de Roma, mudou-se para os Estados Unidos aos 18 anos, onde se radicou após ganhar uma bolsa para estudar na Berklee School of Music, em Boston, e onde passou quatro anos mergulhada no universo do jazz. Foi a parceria com Ana Carolina que revelou o talento de Chiara "em grande escala" ao público brasileiro. Mas muito antes de atravessar os 7.752 quilômetros que separam Nova York (onde mora) do Rio (onde agora também mora) Chiara já tinha sólida carreira como cantora e compositora, transitava entre Nova York e a Europa, entre o pop e o jazz, em composições próprias e parcerias com nomes como Burt Bacharach.
As composições e arranjos de 7752 (não é por acaso que a distância a inspirou) incluem outras quatro canções em parceria com a cantora brasileira, e com outros talentos como Antonio Villeroy e Dudu Falcão. Em conversa com o Estado, num mix de inglês, italiano e português, ela explicou como "descobriu o Brasil".
Todo músico sempre tem certa paixão pela música brasileira. No seu caso, a relação se tornou de fato um trabalho concreto. Como você "descobriu o Brasil"?
É uma história longa. Em 2008, tinha acabado de terminar um relacionamento e meu coração estava destruído. Foi então que me lembrei de um conselho da minha mãe, que me dizia para que, sempre que tivesse com um problema, desse uma volta. Resolvi dar uma volta mais longa. Liguei para o Daniel Jobim, de quem era amigo, mas com quem não falava havia algum tempo. Na hora, ele disse: "Venha para o Rio." E fui. Cheguei no dia seguinte e nunca mais "deixei" o Rio.
E como foi essa chegada?
A melhor possível. Na mesma noite fomos a um sarau (o Compositores Unidos) que, até então, parecia-me algo quase impossível. Estava acostumada a compor sozinha. Foi uma surpresa maravilhosa ver que era possível compor em grupo. O violão foi passando de mão em mão e eu literalmente entrei na roda. E me senti tão bem em meio a pessoas tão especiais (Jorge Vercilo, Dudu Falcão, Max Vianna, Luísa Possi, Ana Carolina). Ana perguntou se eu não tinha uma canção nova para mostrar. No dia seguinte mostrei Resta a ela.
Resta significa "fica" em italiano. Você chegou para ficar no Brasil. Exato. Há muitos significados nesta canção, um divisor de águas entre a fase que vivi e a que vivo agora. Estou muito feliz de ter encontrado o Brasil neste momento da minha vida. Digo sempre que o italiano é o povo mais romântico do mundo. O brasileiro talvez seja tanto ou até mais romântico. A diferença é que o italiano é mais melancólico. O brasileiro tem uma alegria que o torna profissional na arte de ser feliz.
Você está feliz nesta fase profissional, em que se divide entre Nova York, Roma e Brasil?
Muito. Sei que é clichê, mas sempre adorei Jobim, Chico Buarque, Caetano... Descobrir novos talentos brasileiros e ser parceira deles está sendo incrível. Conhecer o público brasileiro, também. Hoje me apresento com Ana em quatro canções que fizemos juntas e que estão também no meu CD. Depois sigo para a Itália, mas volto para cá em dezembro com meu show-solo.

Fonte: Estadão

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